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domingo, 10 de junho de 2012

Vela


E quantas vezes a fé lhe foi necessária? Mesmo que por motivos distintos, mesmo buscando coisas diferentes e tendo resultados desiguais, quantas vezes a fé foi o combustível?
A velhinha de cabelos brancos, presos em um elástico verde todo desfiado pelos incontáveis usos desde já de outra época, coberta por um longo vestido azul, até bonito, estampado por linhas curvadas a fim de simbolizar o vento, eu acho, ou mesmo as densas ondas do mar – lá estava ela, ajoelhada por mais de todo o tempo que eu estivera alí, parecia nem estar viva, por breves momentos eram aqueles que se mexia e talvez eu até esteja iludido com os tais movimentos. Resolvi me aproximar. Ela orava, agradecia, várias vezes, mas não por graças atendidas, mas sim pela força que lhe foi dada, a necessária para enfrentar as mortes de seu marido, quarenta e oito anos de casados – bastante tempo quando comparados ao grande número de divórcios atualmente – e a de sua única filha. Ela não viria a descrever algo a mais sobre ela, eu não a questionaria, era seu momento, apenas dela, ninguém mais entraria, não seria o correto.
Daquilo tudo, apenas uma palavra havia causado um ferimento em mim. Poderia até ser que com o tempo, sumisse de mim, mas acho que ficaria para sempre. “Fé” – A força pela qual ela afirmava ter obtido. Independentemente da forma como ela ganhou, ou em quem se apoiou, esse é um dos sentimentos mais necessários para alguém. Ao ouvir sobre, não pense primeiramente sobre um tônus religioso apenas porque a religião se escora totalmente nela.
Acreditar é muito maior que qualquer coisa. Direta ou indiretamente, o que há de melhor em acreditar é crêr em nós mesmos – e também por que não? Acreditar nos outros – e diante do maior obstáculo, não perder a fé. Não importa em quem seja apoiado tal sentimento, o importante é que isso nos impulsione – preferencialmente, para frente.
Aos céticos, o conhecimento não é um fenômeno natural. Muitas vezes, precisamos refletir e crer para gerar conhecimento.