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domingo, 26 de junho de 2011

Medo


Tenho tanto medo de te perder, mas tanto que só de pensar nisso já me dava calafrios. Então este meu medo me atacou pela primeira vez. Dia? Não precisa ser comentado... Descobri que eu era vulnerável demais a isso, imagino-me estando novamente naquele mundo sem mundo, aquela dor que não doia, pois eu já não mais sentia. Estava desesperado, não, era bem mais que isso. O medo me atacou e nada me atingia, não havia nenhum sentimento, nenhuma expressão. Eu era o vazio. Quando acordei, decidi correr, enfrentar o meu medo e ir atrás da minha vida de volta. Voltei aos meus trilhos. Já podia sentir o calor que a luz me proporcionava em outro tempo. Havia recuperado a minha vida, voltado ao meu sonho. Coisa rara no presente sem sabor.

Então veio o segundo golpe. Eu falhei, criei uma pressão sobre mim mesmo sem explicação e o medo novamente me atingiu. Pensara que se eu criasse barreiras, não haveria lágrimas. Eu sei que foi um surto de inocência. A pressão saiu destruindo tudo e por mais uma vez, sucumbi diante da dor que em outras épocas não havia tomado conhecimento. Assistia ao brilho frenético das estrelas e me lembrava das estrelas, estrelas minhas que raiavam sobre o meu céu que eternamente permanecia no encantador crepúsculo. As lágrimas então imitavam a coreografia das estrelas, mas ao invés de brilho, emanavam quedas. Eu estava seco, nada pulsava.

É, por mais uma vez, após repetidos golpes que rasgavam a minha carne, nada penetrava o meu peito e este voltara a sentir o meu peito se contrair. Ilusão a minha acreditar que estava são. O medo penetrou pelas minhas veias, consumira tudo o que havia dentro de mim e a me ver diante do espelho, era visível ver que algo se escondia por trás dos meus olhos. O medo é mais forte, o medo te conhece, sabe até mesmo o que você não quer acreditar. Ele é a minha sombra, ele é o que eu vejo. Ele está em todos os lugares, ele mora em mim. O medo me provocou, insinuou a transformação de um monstro. O monstro que vive no meu guarda-roupa avança diante do meu ego. Mutila-me lentamente, devorando-me os meus sentidos. Furtando a minha alma. Eu sou o meu medo. E o futuro? Não cabe a mim decidir [...].

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